sexta-feira, 20 de abril de 2007

Diagrama

a
Pintaste a veste

de teus olhos

com ocaso.


Depois levaste o

que sobrou de teu

silêncio pelas mãos.


Houve quem dissesse que

estavas a quebrar as veias,

tecendo o peso de tuas

pernas com saudades.


Outros viram que traçaste

em bocas a cidade nua,

plantando o rosto em

alguma rua que acabara

de nascer.


De todos os nomes colhidos

nas calçadas, o teu era

dos mais doces.


20/04/2007

segunda-feira, 19 de março de 2007

Chuva

E quando nascer

o ontem, as árvores

pingarão outono

nos quintais.


19/03/2007

segunda-feira, 12 de março de 2007

Auto-Retrato

Todo o tempo teu está guardado

em mim, um cântaro de barro azul

perdendo a consciência.


Amanhã é pouca tinta

pra pintar o céu, embora sempre

haja erros para (re)fazê-lo.


O mundo corre nas janelas. É lá

que vou colher o dia não-vivido,

antes que a frieza das cortinas

engula o verde de sua polpa.


O espelho é o caminho

mais curto para o silêncio.


26/02/2007

domingo, 4 de março de 2007

Infância

Ainda ontem, buscávamos

a maciez das tuas primeiras

palavras perdidas.


O que queríamos não era nosso,

nem dos campos. Só a terra sabe

em qual raiz se afoga a tempestade.


Janeiro queima como a chuva,

o bastante para que teus dedos

brotem em algum lugar febril.


Ainda ontem desviei das horas. Elas só

medem tua cor enquanto ausência.


15/01/2007

quinta-feira, 1 de março de 2007

Proposta para se plantar caminhos

Não há calçada boa o bastante para os pés do infinito,

Embora o esforço para que não fiquem descalços.

Eu nomeio as pedras antes de baixar os olhos,

Para que elas não me escolham enquanto as toco...


Pense um número, e divida-o por mim.

Considere que eu cheiro o inevitável, bebo o impossível,

Engulo o que resta do amanhã... Nunca houve um número

Que confirmasse a incipiência dos meus sonhos.


Dedos de tempo vergastando horas – a outra face do eterno,

Vista às avessas, a eternidade é rua natimorta,

Boca costurada com o barbante do destino.


Quantos nomes cabem em uma calçada? Algum deles

Sobra quando meus anseios tombam por indigestão?

Desconfiar do nada é acreditar no quociente do intangível:


Esquecer o número... não a resposta.


03/11/2006

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Simetria

a

Minha pele

ouviu tua boca

espreitando.

a

Teu gosto é

átomo de flor

em fim de outono.

a

Tua bandeira

ensurdeceu-me a voz,

branca de alegria.

a

O amor é ópio no espelho... furando os olhos do dia.

a

05/06/2006


Olá!

Fala galera!


Resolvi criar este espaço pra divulgar meus poemas. Não espero(nem tenho a pretensão... hehehe) que todos gostem, mas se vocês comentarem ficarei grato.


Um abração!